Viagem de Charles Darwin à Bordo do Beagle

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Após 200 anos de seu nascimento e 150 anos da publicação de sua principal obra, A Origem das Espécies, o britânico Charles Darwin ainda surpreende o mundo. Suas teorias sobre a seleção natural são grandes legados deixados por esse cientista fora do seu tempo.
Charles Darwin, tinha-se recentemente matriculado na Universidade de Cambridge, no curso de Artes, que lhe permitiria envergar por uma vida eclesiástica. No entanto, passava grande parte do seu tempo passear, a ler livros de história natural e a coleccionar escaravelhos.
Nesta altura, o seu tutor - o Professor Henslow- sugeriu-lhe que fizesse a sua primeira expedição, pelo que propôs as ilhas Canárias. Após conseguir a permissão do seu pai, e contando com o seu amigo Marmaduke Ramsey como acompanhante na viagem, Charles Darwin começou a frequentar as aulas de Geologia do Professor Adam Segwick. “Fui levando a prestar muita atenção a vários ramos da história natural, e deste modo os meus poderes de observação melhoraram”, disse Darwin O seu interesse pela Geologia foi crescendo, mas os seus sonhos de viagem ficaram por terra aquando da morte inesperada do seu amigo e companheiro de viagem. Mal sabia Darwin que estavam a ser feitos planos para ele integrar uma viagem à volta do Mundo... Na tarde de 29 de Agosto de 1831 recebe uma carta do Reverendo John Henslow, convidando-o para ser o naturalista abordo do HMS Beagle, numa viagem que duraria cerca de 2 anos pela América do Sul, e que iria iniciar-se no dia 25 de Setembro. A primeira paragem: Ilhas Canárias! Mas tal novidade não foi bem recebida pela sua família. O seu pai - Robert Darwin- viu essa viagem como mais uma das “aventuras sem consequências” de Darwin. E, para além disso, esta viagem iria acabar com o sonho do pai de ver o filho envergar pela carreira eclesiástica. No entanto, esta recusa não foi determinante; Robert disse a seu filho que, caso encontrasse uma pessoa com bom senso e que o convencesse que a sua viagem era uma boa ideia, então deixava-o ir. Darwin concluiu facilmente que ninguém mais que o seu tio Josiah (irmão da sua mãe), para convencer o seu pai da sua ida na expedição. O seu tio Josiah, escreveu então uma carta a seu pai, pelo que este aceitou os argumentos expostos pelo tio e não fez nenhum reparo a que o filho viajasse no Beagle. Charles partiu imediatamente para Cambridge, mas ao chegar lá teve outra má notícia. Na manhã de 2 de Setembro de 1831, quando ia falar com o Rev. Henslow, apercebeu-se que o capitão do navio - o capitão FitzRoy da Armada Real- tinha já seleccionado outro naturalista para a viagem. Quando tudo já parecia estar perdido, Darwin decidiu ir falar com Fitz-Roy, que lhe diz que o seu convidado tinha recusado o convite e que o lugar ficaria disponível para Darwin. Darwin, sem tempo a perder, procurou em Londres os diversos instrumentos que necessitara: telecópios, instrumentos de medição, soluções para preservação de espécimes, e até espingardas!
Darwin acompanhou FitzRoy na inspecção do navio, em Setembro de 1831, e teve mais más notícias. O navio não estava de todo pronto e a viagem teria de ser adiada pelo menos um mês. Depois, o tempo de viagem teria sido estendido para três anos. Mas, mais ainda, Darwin ficou chocado com a pequena dimensão do navio – como um navio tão pequeno poderia abraçar 74 homens pelo mundo fora?
“Depois de ter sido arremessado duas vezes pelo vento a sudoeste, o barco de sua majestade, partiu de Davenport em 27 de Dezembro de 1831”- assim começa Darwin o relato histórico de uma das mais importantes expedições do séc. XIX. A expedição no Beagle acabou por durar quase 5 anos, tendo Darwin passado a maior parte do seu tempo a explorarem terra (um alívio para Darwin, que enjoava). Darwin ficou responsável por recolher e coleccionar espécimes, mas utilizando apenas o seu equipamento e os seus meios próprios de preservação. O geólogo Charles Lyell pediu ao capitão FitzRoy para fazer o registo das observações geológicas que realizasse o longo da Viagem, sendo que este deu a Darwin uma cópia do primeiro volume do livro de Lyell “Principles of Geology” (Princípios da Geologia) que explicava as características (geológicas) como o resultado de um processo gradual através de longos períodos de tempo. O principal objectivo da expedição foi fazer um levantamento cartográfico da América do Sul, com vista à produção de informação passível de ser utilizada em guerras navais e em comércio. Em particular, a longitude do Rio de Janeiro, que teria levantado pontos de discordância entre levantamentos anteriores por discrepâncias nas medidas. Um objectivo secundário era o levantamento próximo às enseadas nas Ilhas Malvinas e, se fosse possível, nas Ilhas Galápagos. Depois o Beagle procederia para o Taiti e para Port Jackson, na Austrália. Uma exigência adicional foi realizar um levantamento geológico de um dos atóis de coral do Oceano Pacífico, incluindo investigações do seu perfil e dos fluxos relativos a maré. Um último objectivo prendia-se em devolver à Terra do Fogo 3 aborígenes que tinham sido levados para Inglaterra numa viagem anterior. Mas a expedição ficaria na história por razões bem diferentes...
Dez. 1831 - Fev. 1832 HMS Beagle atravessa o Oceano Atlântico Passagem pela Madeira e pelas Ilhas Canárias Após dias no mar, com enjoos constantes, Beagle chegava finalmente às ilhas Canárias. Mas a alegria não iria durar muito tempo: as autoridades espanholas enviou uma mensagem dizendo que nenhum barco britânico poderia entrar em terra. Era notícia que existia uma epidemia de cólera em Inglaterra, pelo que as autoridades espanholas não queriam que houvesse qualquer possibilidade de contágio.
Observação da geografia das Ilhas de Cabo Verde Fizeram sua primeira paragem na ilha vulcânica de Santiago, no Arquipélago do Cabo Verde, onde o Diário de Darwin começa.
Fev. 1832 - Jan. 1833 Beagle chega ao Brasil A visão da escravidão foi considerada ofensiva por Darwin. Observações no Rio de Janeiro e em Buenos Aires O navio foi descendo a costa até Rio de Janeiro. Darwin, agora assumindo quase como oficial naturalista do barco e ganhando um apelido de Philos, fazia colecções pessoais de espécimes, que mandava para Henslow, em Cambridge, ao invés de fazer colecções para a expedição. Em Novembro, na cidade de Montevideu a correspondência que chegava de Inglaterra incluía uma cópia do segundo volume dos Princípios da Geologia de Lyell.
Chegada à Terra do Fogo Darwin ficou perplexo com o estado selvagem dos nativos, em grande contraste com o comportamento civilizado dos três fueguianos que estavam regressando como missionários (que haviam recebido os nomes cristãos York Minster, Fuegia Basket e Jemmy Button). (Quatro décadas depois, na sua obra intitulada “Descendência do Homem”, Darwin usaria as suas impressões desse período como evidência de que o homem tinha evoluído de um estado mais primitivo)
Jan. 1833 - Nov. 1833 Expedição pelas ilhas Maldivas
Nov. 1833 - Jun. 1834 Interesse pelo estilo de vida dos nativos Regressaram ao local para visitar os missionários, mas encontraram as cabanas desertas. Perceberam que um dos selvagens nativos era Jemmy, que havia perdido os seus pertences e se havia reintegrado aos costumes nativos, tendo já uma esposa. Darwin observou então esta situação com atenção: um dos nativos, embora se tenha facilmente adaptado ao mundo civilizado, escolheu o retorno aos seus costumes primitivos. Tal ideia não se ajustava muito bem com a visão perpetuada em Cambridge, onde o Homem civilizado era concebido como a melhor criação de Deus, inexoravelmente superior aos animais.
Expedição ao Rio Santa Cruz
Jun. 1834 - Abr. 1835 Chegada ao Valparaíso Em Valparaíso, a 23 de Julho de 1834, Darwin comprou cavalos e foi até aos Andes vulcânicos, mas durante o regresso, adoeceu, e passou um mês de cama.
Abr. 1835 - Out. 1835 Expedição às ilhas Galápagos Chegaram as Ilhas Galápagos em 15 de Setembro de 1835. Foi dito a Darwin que as tartarugas apresentavam pequenas diferenças de ilha para ilha, mas aparentemente isso não fora óbvio nas ilhas que Darwin tinha visitado até então, pelo que nem se preocupou em recolher as suas carapaças. As iguanas marinhas eram tremendamente feias, e devido a um erro na colocação das etiquetas no museu, ele achou que essas criaturas únicas eram uma espécies Sul Americana. Darwin notou que os pássaros canoros eram diferentes de ilha em ilha e etiquetou algumas espécimes, mas não se preocupou em anotar onde outras espécies, como os tentilhões, haviam sido encontradas. Felizmente, outros colegas realizaram um processo mais metódico enquanto etiquetavam as suas colecções. Saíram da ilha em 20 de Outubro.
Out. 1835 - Mar. 1836 Taiti é avistado O Beagle na Nova Zelândia e na Austrália
Mar. 1836 - Out. 1836 As ilhas cocos Investigaram as lagoas de coral, e os levantamentos de FitzRoy revelaram um perfil consistente com a teoria dos Atóis que Darwin havia desenvolvido. Chegada a S. Helena
De regresso a casa O Beagle partiu para casa em 17 de Agosto, e após uma viagem conturbada, incluindo uma parada para reabastecimento de suprimentos nos Açores, onde permanece entre 20 e 24 de Setembro e visita as ilhas Terceira e S. Miguel. O Beagle finalmente chegou a Falmouth, Cornwall, Inglaterra em 2 de Outubro de 1836.
"Durante a minha viagem a bordo do navio HMS (His/Her; Majesty's; Ship) Beagle, na condição de naturalista, fiquei profundamente impressionado com certos factos relativos à distribuição das populações da América do Sul e com as relações geológicas existentes entre os habitantes do presente e do passado desse continente. Estes factos pareciam-se lançar alguma luz sobre a origem das espécies – esse mistério dos mistérios"
Charles Darwin

1 comentários:

Ju Elaine disse...

oi profe...


ficou muito bom o que você colocou ai sobre a viagem de Darwin...

adorei, e espero ir de novo....


bjao....204

TORONES - Eles vão chegar lá um dia....